sábado, 30 de março de 2013

Redução fenomenológica - recursos do método


REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA - RECURSOS DO MÉTODO

(Edmund Husserl: contra à "tese natural do mundo" ou visão cotidiana ou, contra as aparências das coisas exteriores contra, exatamente, ao que elas parecem ser.)

Entre grandes conflitos que surgem no horizonte da Europa contemporânea, a "humanidade europeia" encontra-se em um novo momento histórico (in: Europa: crise e renovação), assim, segundo Husserl, é necessário uma "nova maneira de se orientar diferente da orientação natural na experiência e no pensar". Para realizar tal tarefa, propõe em Ideias.. que podemos partir de um ponto-de-vista natural do mundo significando o fenômeno que se apresenta mas, não devemos nos contentar com este ponto de vista inicial. Husserl propõe, partindo na visão do mundo da vida, investigar o que se desvela diante do fenômeno que se apresenta, e assim, realizar o que chama de redução transcendental a fim de avançar para capturar a essência do fenômeno em observação, captá-la como o temos diante de nós algo como, "uma pura consciência", tal como se oferece à experiência psicológica imediata e, ainda mais, indo além dos pressupostos que lhe são aparentemente essenciais.
A "Redução Fenomenológica" é um método construido com o fim de derrubar barreiras tradicionais de investigação, diversificando a direção unilateral própria dos métodos tradicionais de investigações das ciências utilizados até o começo do século XX. Segundo Husserl, para assim obtermos o "livre horizonte dos fenômenos transcendentais purificados e descortinarmos o campo da fenomenologia" no sentido próprio  que o termo deve ser compreendido.
Enfático em Ideias..., Husserl observa que desta forma deveremos entender que a fenomenologia proposta, ou seja, "a fenomenologia pura ou transcendental não será fundante como ciência de fatos, mas como ciência de essências (como ciência eidética); como uma ciência que pretende estabelecer exclusivamente conhecimentos de essência e de modo algum de fatos".
Portanto, a redução fenomenológica de Husserl deverá levar o pesquisador: do fenômeno psicológico, à "essência" pura do objeto estudado, ou seja, do pensamento que forma juízos simples de universalidades enfáticas (empíricas), à universalidade do conhecimento das essências (proposto pela redução eidética). Porém lembra Husserl que a fenomenologia não deve ser uma doutrina das essências de fenômenos reais, mas, do fenômeno transcendental reduzido ( proposta da redução transcendental).
Os recursos do método podem ser entendidos "entre" duas etapas, a saber:
  • 1º) a redução eidética (a busca do sentido do fenômenos);
  • 2º) a redução transcendental (como é o sujeito que busca o sentido).

REDUÇÃO EIDÉTICA (Eidos)


A restrição aos puros fenômenos. Tenho a intuição do sentido, este, o primeiro passo do método, a intuição que o revela como uma possibilidade para captá-lo. Assim, se retirarmos um pedaço reduzimos, permanecendo uma outra parte. Redução a essência (Eide) pode dizer algo como: tirar a existência e colocá-la sob observação, ou seja, algo como, em vez de pedirem para descrever o que você vê, os "objetos" de sua experiência visual, considere que tivessem pedido a você para descrever seu ver dos objetos; desloque sua atenção dos objetos para sua experiência, além dos sentidos, ao Eidos, ou essência.
A redução eidética é a transição da atitude natural, na qual estamos direcionados a objetos materiais particulares, para a atitude eidética, na qual nos direcionamos para as essências.


REDUÇÃO TRANSCENDENTAL


Consiste em nossa reflexão a respeito do ato em si mesmo em lugar de seu objeto, assim, descobriremos em seguida que nosso estar direcionado ao objeto consiste numa complicada interação de três elementos, a saber: 1) as experiências estruturadas no ato - a noese 2) a estrutura correlata dada no ato - o noema; 3) as experiências supridoras e restritivas  - a hylé.
A doutrina husserliana sobre a redução transcendental foi sugerida na tentativa de construir conhecimento objetivando uma consequência sistemática, uma ordem entre os níveis de evidência; tal objetivo sistemático é que leva Husserl ao conceito de ego transcendental, este, não precisa ser afirmado em termos de conteúdo, mas é preciso conhecê-lo em sua necessidade imanente (em traços realistas); a redução transcendental não é uma busca "arbitrária" de apoio, como por exemplo, para as teorias contemporâneas tal qual a do movimento existencialista.
Nos parece que aqui Husserl se lança com certa radicalidade e uma universalidade acentuada que está para além, também, da solução kantiana da oposição entre realismo e idealismo de tal modo que para ele não existe mais sentido algum falar de elementos realistas no interior do idealismo, ou seja, podemos dizer: é correto colocar a redução transcendental ao nível de um certo idealismo que é possível deduzir de uma análise da consciência um conteúdo comum, sem necessitar, nesse contexto, de nada que não seja o essencial, o idealismo fenomenológica não conhece um "ideal" para a dedução. Como escreve Husserl em Ideias: "O real não é nada em sentido absoluto..., ele tem a essencialidade de algo que por princípio só é intencional".
Na redução transcendental a distinção entre essência e fato e o recurso à evidência do que é dado corporalmente na intuição das essências não satisfazem ao conhecimento, é necessário uma evidência adodítica (fundamentação última) e, somente assim, é possível conquistar uma ordem estrutural das evidências que faz jus à requisição de uma filosofia como ciência rigorosa. Portanto, o ponto de partida para a redução ao ego transcendental abarca as relatividades que estão estabelecidas - "no mundo da vida" - na pluralidade dos mundos históricos (conhecimento universalmente compartilhado) e no horizonte do mundo particular (experiência individual e atual do mundo particular).




Exercício de Redução Fenomenológica, para utilização do método - em Ciências Humanas: a fim de investigar sobre o que é Ser humano:
  1. A fim de analisar a existência do Eu particular: é possível considerar a existência do Humano fora da perspectiva de um Ser em relação?
  2. A fim de encontrar uma comprovação científica para o "conhecer a si mesmo ": existe algo (além do próprio Ser) que comprove (para além das concepções da própria psique e da relação sujeito-objeto-sujeito) a existência do Eu separado da formatação de um corpo?   
  3. A fim de investigar a existência do Eu universal: pode existir autoestima, afastando o Eu de sua cultura natal, que satisfaça a todos os "tipos" de humanidades?

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